sexta-feira, 18 de março de 2011

BRUXA RABUXA

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Naquele ano, o inverno era comprido e frio. A bruxa Rabuxa tiritava no seu fato de farrapos bolorento, e arrumava a casa escondendo as teias de aranhas e os ninhos de morcegos na despensa, para depois comer. O gato andava aos pés, a fazer de botija.
De repente bateram à porta.
- Quem é?
- Não adivinhas? É a tua prima, a bruxa Capucha.
- Entra, entra, que tenho uma ratazana cozida para o jantar, com esparregado de urtigas… Vais gostar... E há um docinho de baba de sapo.
- Não me apetece. Agora só como nos restaurantes ou então compro comida feita nos supermercados. Já não me caem bem os pratos tradicionais.
- Também tu! Deixaste de ser bruxa?
- Hoje sou, com muito orgulho, limpa-chaminés.
- E usas a vassoura voadora para limpar chaminés?!
- Pois claro.
- Que vergonha… são novos tempos...
- A prima Verrelhuda empregou-se como porteira para assustar os pedintes.
- A Guedelhudaque fazia chapéus mágicos, agora faz aspiradores.
- A Malviqua, que era a rainha das curas milagrosas, agora faz caldo verde na Feira Popular.
- E as outras também: a Verruguinha, a Olhencha, …
- Isto na verdade vai de mal a pior.
- Mas foi por isso mesmo que eu vim cá. Era para te avisar que és a última bruxa a exercer a profissão