quinta-feira, 18 de março de 2010

PINTO PINTÃO - O COMILÃO

Num dia solarengo, um pinto chamado Pinto Pintão, famoso por tanto comer, foi à procura de qualquer coisa para comer.
Ia a atravessar a estrada, quando viu uma massaroca de milho. Ao ir apanhá-la, passaram as tropas do rei e levantaram muito pó.
Quando aquela poeirada baixou, o Pinto Pintão ia apanhar o milho, mas este não estava em lado nenhum.
Então, ele disse:

— Deve ter sido o rei D. Anfonso Henriques, o Conquistador.
E dirigiu-se imediatamente para o castelo.
No caminho deparou-se com uma raposa e disse-lhe:

— Sai da frente, para eu passar.
Mas a raposa não lhe ligou nenhuma.
Então, o Pinto Pintão abriu o bico e… zás engoliu a raposa.
Passado algum tempo, o Pinto Pintão deparou-se com um rio e disse-lhe:

— Sai da frente, para eu passar.
Mas o rio não respondeu e o Pinto Pintão abriu o bico e… zás engoliu o rio.
Passado mais algum tempo, encontrou um pinheiro no meio da estrada, e então disse-lhe:

— Sai da frente, para eu passar.
Mas o pinheiro não se mexeu.
Então o Pinto Pintão abriu o bico e… zás engoliu o pinheiro.
Quando chegou ao palácio, disse:

— Qui, quiri, qui. Meu bago de milho, quero já aqui.
O rei mandou-o para a capoeira, mas ele vomitou a raposa e a raposa comeu tudo.

— Qui, quiri, qui. Meu bago de milho, quero já aqui.
Então o rei mandou-o para o estábulo, mas o Pinto Pintão vomitou o pinheiro e partiu o portão.

— Qui, quiri, qui. Meu bago de milho, quero já aqui.
Então o rei mandou-o para o forno, mas o Pinto Pintão vomitou o rio que apagou o lume.

— Qui, quiri, qui. Meu bago de milho, quero já aqui.
O rei teve mesmo de lhe dar o bago de milho.
Feliz cantou:

— Qui, quiri, qui. Meu bago de milho, já eu o tenho aqui.
Então o Pinto Pintão virou as costas ao rei e ao palácio e a partir daí nunca mais foi incomodado nem roubado.

Fim